Clean beauty: beleza limpa que vai além da pele

Mind, Skin
Atualizado em 15.04.2024 | Postado em 14.04.2023
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Para ser clean beauty um produto precisa ser natural? Orgânico? Vegano? Cruelty-free? Ou todas as alternativas anteriores? Com tantas classificações diferentes, achamos importante explicar para você o que é beleza limpa (de verdade)!

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O que é clean beauty ou beleza limpa?

Clean beauty, cuja tradução literal é “beleza limpa”, é um movimento composto por marcas que desenvolvem produtos pensados para cuidar da pele e manter a saúde do corpo, livres de toxinas e que também não prejudicam o meio ambiente. Ainda, são cosméticos, maquiagens e produtos de higiene pessoal que levam em consideração não apenas o uso de ingredientes naturais, como também sintéticos, desde que seguros.

Em outras palavras, eles trazem fórmulas limpas e livres de substâncias que apresentam algum grau de toxicidade, e que podem impactar de forma negativa a nossa saúde ou o meio ambiente, independente de serem extraídas da natureza ou produzidas pela indústria.

Quando relacionamos essa toxicidade com o nosso organismo, é importante saber que não são, necessariamente, substâncias altamente tóxicas, capazes de ocasionar problemas diretos ou a curto prazo. Mas que, aos poucos, elas vão se acumulando no corpo de uma forma subliminar, quase que imperceptível. 

Por vezes, o processo de desintoxicação do nosso organismo não dá conta de eliminar todas essas substâncias, o que contribui com o aumento da carga tóxica que o nosso corpo muitas vezes já carrega. Esse acúmulo vem sendo associado em estudos com adversidades para a saúde humana.

O corpo humano é incrível e possui mecanismos próprios para lidar com as substâncias nocivas as quais estamos expostos diariamente. Porém, quando essa exposição se torna excessiva devido ao meio em que vivemos, à água, aos alimentos, à poluição do ar, ao contato com ingredientes nocivos presentes em cosméticos e nos produtos de higiene pessoal e de limpeza, somada a um estilo de vida pouco saudável (noites mal dormidas, má alimentação e sedentarismo), ele tem mais dificuldade em se proteger e se desintoxicar de forma natural e rápida. Tudo isso, pode acabar gerando um acúmulo de toxinas, a que chamamos carga tóxica.

A origem do movimento

O termo “limpeza” foi utilizado pela primeira vez na indústria da beleza em 1970, em uma campanha de produtos de maquiagem da CoverGirl, chamada “Clean Make-up”. Ainda não se tratava de uma preocupação com os ingredientes dos produtos, mas já trazia uma ideia de beleza mais natural.

A partir dos anos 2000, a palavra ganhou um novo significado com o lançamento de uma linha de produtos livres de ingredientes nocivos à saúde, promovida pela marca britânica Ren. Essa necessidade surgiu quando a esposa do co-fundador da marca sofreu irritações na pele ao usar produtos convencionais durante a gravidez e não se adaptou às marcas totalmente naturais presentes no mercado, devido à sua textura e baixa eficiência. 

Ou seja, ela sentiu a necessidade de produtos livres de ingredientes nocivos à saúde, mas que ao mesmo tempo apresentassem os resultados esperados.

Clean beauty x slow beauty x green beauty

Ainda, a origem e a evolução do clean beauty também se deu a partir de outros movimentos, como o slow beauty e o green beauty. O slow beauty ou “beleza lenta” é uma tendência que incentiva o consumo consciente (menos é mais), que preza pela saúde e também pelo meio ambiente. Já o green beauty ou “beleza verde” engloba produtos com ingredientes 100% naturais, orgânicos, sustentáveis e livres de crueldade animal.

Embora tenham conceitos diferentes, esses movimentos começaram a despertar o interesse e a consciência das pessoas por marcas e produtos mais preocupados com a saúde e com a natureza, servindo de base para o que viria depois, como o clean beauty, que considera essas e outras questões.

Principais valores do clean beauty

  • Transparência: tanto nas etapas do processo de produção quanto na lista de ingredientes dos produtos presentes nos rótulos;
  • Segurança: uso de ingredientes naturais e sintéticos de qualidade e seguros para a saúde humana e o meio ambiente;
  • Preocupação ambiental: atenção ao impacto causado pelos produtos (obtenção da matéria-prima, comportamento dos ingredientes quando em contato com o meio ambiente, descarte de embalagens, entre outros);

Incentivo ao consumo consciente: produtos limpos e que sugerem uma consciência limpa ao valorizar atitudes do consumidor, como reaproveitar ou enviar a embalagem para coleta seletiva, usar o produto até a última gota, minimalismo, entre outras.

Natural ou sintético: o que é mais seguro e eficiente?

Quando se trata de produtos de cuidado pessoal, muitas pessoas ainda confundem o termo “limpo” com natural, acreditando se tratar da mesma coisa. Tudo fica ainda mais complicado quando entram em cena outros conceitos, como orgânicos, veganos e cruelty-free

Embora ainda não exista uma legislação específica para fiscalizar cada uma dessas classificações, é possível contar com certificações e selos que atestam se determinado produto pode ou não estar dentro de uma dessas categorias.

Porém, antes de comprar seus cosméticos, vale entender as diferenças entre cada uma dessas classificações para avaliar se realmente estão alinhados com o que você procura para cuidar da sua pele, do seu corpo e do meio ambiente.  

Cosméticos naturais

De acordo com o padrão Cosmetics Organic Standard – Cosmos, certificação da Ecocert para cosméticos naturais e orgânicos, um cosmético é considerado natural quando produzido por meio de processos que respeitam o meio ambiente e também a saúde humana. 

Quanto às matérias-primas, o cosmético natural certificado precisa apresentar o percentual de ingredientes no seu rótulo e a ausência de ingrediente petroquímico, como parabenos, fenoxietanol, perfumes e corantes sintéticos. 

No entanto, mesmo sendo certificado como natural, o cosmético pode ter alguns conservantes autorizados, como benzoato de sódio e sorbato de potássio. Ainda, não é obrigatória a presença de ingredientes orgânicos e, como as matérias-primas podem ser de origem animal ou vegetal, esse tipo de produto também não é necessariamente vegano.

Cosméticos orgânicos

Para ser considerado orgânico por certificadoras como a Ecocert ou o Instituto Biodinâmico de Desenvolvimento Rural – IBD, o cosmético precisa conter pelo menos 95% dos ingredientes fisicamente processados atestados como orgânicos, ou seja, cultivados sem o uso de pesticidas, fertilizantes e agrotóxicos ou organismos geneticamente modificados. 

Além disso, a fórmula total do produto deve conter pelo menos 20% dos ingredientes orgânicos, sendo 10% para produtos enxaguáveis. Nesse contexto, água ou minerais não são considerados orgânicos, pois há um entendimento de que eles não são provenientes da agricultura.

A maneira mais confiável de identificar se um cosmético é orgânico está nos selos emitidos pelas certificadoras e que geralmente constam na embalagem do produto. Além da Ecocert e do IBD, é possível encontrar a Natrue, o Orgânico Brasil, o Cosmos Organic, entre outros.

Cosméticos veganos

Os cosméticos veganos são aqueles livres de matérias-primas de origem animal, incluindo substâncias produzidas por eles, como o mel. Logo, são isentos de qualquer tipo de exploração animal e, por isso, sempre cruelty-free.

Cosméticos cruelty-free

O termo em inglês cruelty-free significa “livre de crueldade animal”. Assim, produtos com esse selo garantem que seus ingredientes não foram testados em animais durante suas fases de pesquisa e produção. No entanto, não significa que se tratam de produtos veganos, pois pode conter matéria-prima animal em sua formulação.

Cosméticos limpos

Já os cosméticos limpos podem ou não englobar todas as categorias acima. Isso, porque na indústria da beleza há um consenso de que os produtos clean beauty são aqueles livres de ingredientes nocivos à saúde e que não agridem o meio ambiente. 

Ou seja, eles podem trazer em suas formulações matérias-primas naturais, orgânicas e veganas, assim como não testar seus produtos em animais, além de conter ingredientes sintéticos, desde que todos sejam comprovadamente seguros e sustentáveis. Logo, eles são livres de ingredientes tóxicos que, quando acumulados no organismo, podem ser prejudiciais à saúde, como parabenos, formaldeídos, entre outros.

Ainda, além de considerar a segurança dos ingredientes para o organismo e a natureza, vale destacar a importância de escolher cosméticos limpos que também sejam eficazes e apresentem resultados comprovados. Caso contrário, você estará evitando substâncias nocivas, mas não estará tratando a sua pele de forma adequada.

Afinal, o que não pode ter nos cosméticos para que sejam limpos de verdade?

Alguns ingredientes podem ser potencialmente nocivos para a saúde do corpo, da pele e do meio ambiente. É o caso dos:

  • Petrolatos;
  • Ftalatos;
  • PEG’s (polietilenoglicois);
  • Microplásticos;
  • Fragrâncias sintéticas;
  • Sulfatos;
  • Silicone;
  • Alumínio;
  • Parabenos;
  • Formaldeídos;
  • Talco;
  • Bisfenol;
  • Butoxietanol;
  • Butil-hidroxi-tolueno (BHT)
  • Etanolaminas;
  • Hidroquinona;
  • Metais pesados (como chumbo, níquel, cádmio e mercúrio);
  • Cloreto de benzalcônio;
  • Tolueno;
  • Glicol, entre outros.

Ainda, é preciso ficar atento à forma como essas substâncias constam nos rótulos dos cosméticos, pois costumam apresentar outros nomes, dificultando a sua identificação. Um exemplo são os microplásticos, que podem aparecer como: polietileno, polipropileno, poliuretano, nylon e outros.

Como identificar produtos limpos?

Se você é do time de pessoas curiosas e atentas com a saúde da sua pele, do seu corpo e com o meio ambiente, vai amar conhecer algumas práticas que ajudam a identificar com mais facilidade os cosméticos e ingredientes que são seguros. Confira:

Ler os rótulos dos produtos

Não apenas a lista de ingredientes, mas observar se existem selos de terceiros na embalagem capazes  de atestar a qualidade das matérias-primas utilizadas no produto. Um exemplo é o EWG Verified™, que certifica cosméticos e produtos de cuidado pessoal, livres de ingredientes considerados nocivos pelo grupo, após uma rigorosa avaliação.

EWG é uma comunidade internacional sem fins lucrativos, que reúne cientistas e diversos outros profissionais com o objetivo de capacitar e informar as pessoas para que façam escolhas mais seguras e vivam com saúde em um ambiente equilibrado. Por isso, compartilham informações sobre produtos, ingredientes e setores, alertando sobre o uso de substâncias que podem apresentar níveis de toxicidade para o organismo humano e a natureza.

Consultar listas de ingredientes proibidos

Em alguns países é possível consultar listas de ingredientes que não podem ser utilizados em produtos de cuidados pessoais, pois são considerados prejudiciais à saúde. No Brasil, por exemplo, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa, atualizou a sua lista em agosto de 2021, proibindo o uso de 1.404 ingredientes em perfumes e cosméticos. Já a União Europeia proíbe o uso de 1.300 ingredientes, enquanto nos Estados Unidos, a Food and Drug Administration restringe o uso de 11 substâncias.

Ter conhecimento e acessar essas informações é um importante ponto de partida para reconhecer as substâncias que podem ter efeitos nocivos no organismo e evitá-las.

Utilizar ferramentas de busca para produtos, marcas e ingredientes

Outra maneira de identificar produtos limpos é por meio de ferramentas de busca, como sites e aplicativos, que reúnem informações sobre milhares de marcas, produtos e ingredientes cosméticos disponíveis no mercado. É o caso do site Skin Deep® e do aplicativo Healthy Living (ainda não disponível no Brasil), ambos do EWG. Essas ferramentas possuem um grande banco de dados que facilitam as escolhas diárias de muitos consumidores em poucos cliques.

Como você pode perceber, ainda não existe um órgão regulatório oficial no Brasil para classificar se um produto é limpo ou não. Logo, muitas marcas podem se intitular limpas sem que realmente sejam. 

Por isso, a importância de iniciativas de marcas, organizações ou empresas certificadoras para levar mais informações e conhecimento às pessoas, incentivando e explicando como fazer a leitura dos rótulos e a busca por selos internacionais que validam a real preocupação das empresas com a natureza e a saúde dos consumidores.

Para saber mais sobre clean beauty e como fazer escolhas seguras no seu dia a dia, aprofunde o seu conhecimento sobre substâncias que apresentam toxicidade, como elas se acumulam no nosso corpo e o que você pode fazer para reduzir a exposição diante delas.

Siga com a gente e confira o artigo sobre carga tóxica. Vai fazer muito sentido para você que deseja mais informações sobre beleza limpa. Pode apostar 😉

Consumidor deve estar atento a substâncias proibidas em perfumes e cosméticos. Governo Federal, 2021. Disponível em: <https://www.gov.br/pt-br/noticias/saude-e-vigilancia-sanitaria/2021/08/consumidor-deve-estar-atendo-a-substancias-proibidas-em-perfumes-e-cosmeticos>. Acesso em: 01 de março de 2023.

Cosméticos orgânicos e naturais. Ecocert. Disponível em: <https://www.ecocert.com/pt-BR/certificao-detalhe/cosmeticos-organicos-e-naturais-cosmos>. Acesso em: 01 de março de 2023.

FLOR, Juliana, MAZIN, Mariana Ruiz, FERREIRA, Lara Arruda. Cosméticos naturais, orgânicos e veganos. Cosmetics Online, 2019. Disponível em: <https://www.cosmeticsonline.com.br/artigo/87>. Acesso em: 01 de março de 2023.

SOUZA, Ivan. ISO 16128 define ingredientes naturais e orgânicos. Cosmética em Foco, 2017. Disponível em: <https://cosmeticaemfoco.com.br/artigos/iso-16128-define-ingredientes-naturais-e-organicos>. Acesso em: 01 de março de 2023.

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