O que é carga tóxica e quais são seus efeitos no organismo

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Atualizado em 08.12.2022 | Postado em 04.05.2022
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No dia a dia, estamos expostos a muitas substâncias nocivas que podem estar no ambiente, nos alimentos e até mesmo nos cosméticos. Com o tempo, elas se acumulam no organismo e geram uma carga tóxica, que pode causar danos à saúde. A boa notícia é que o nosso corpo é incrível e preparado para lidar com isso, principalmente quando adotamos um estilo de vida saudável. Para saber mais sobre o assunto, continue com a gente.

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Elas estão no ar, na água, nos alimentos, nos móveis, nas roupas, nos produtos de limpeza e higiene pessoal, na maquiagem, enfim, por toda parte. Diariamente e em todos os lugares,o nosso organismo está exposto a milhares de substâncias nocivas.

Mas espere! Isso não significa que você precisa viver em uma bolha. O corpo humano possui uma extraordinária capacidade de regeneração e detoxificação, responsável por recuperar e manter o equilíbrio em diversas situações.

Mesmo sendo um processo maravilhoso, no entanto, não se trata de algo fácil. Quanto maior a exposição, maior a sobrecarga e também o esforço do organismo para eliminar tudo isso. E é justamente aí que pode ser gerada a carga tóxica.

O que é carga tóxica?

Carga tóxica ou toxic load, em inglês, é o nome dado à acumulação de toxinas no organismo, gerada quando a quantidade de substâncias nocivas a que estamos expostos ultrapassa os limites com os quais o nosso corpo consegue lidar.

A carga tóxica depende basicamente de dois fatores:

  1. o acúmulo de toxinas;
  2. a capacidade do corpo de detoxificar.

Logo, basta que um desses fatores esteja em desequilíbrio, para que a carga tóxica seja gerada. Por exemplo, quando estamos muito expostos a substâncias nocivas, é difícil para o corpo realizar o processo de detoxificação de forma natural e rápida o suficiente para que elas não se acumulem no organismo. Por outro, quando o corpo não consegue se detoxificar corretamente, seja pela falta de nutrientes, por alguma doença ou pelo estilo de vida pouco saudável, a consequência também é o acúmulo de toxinas, gerando a carga tóxica.

Essa acumulação leva a um estresse crônico das células e tira o corpo do seu estado de homeostase (condição de estabilidade que o organismo precisa para realizar as suas funções e manter o seu equilíbrio).

O aumento da carga tóxica tem sido associado a vários distúrbios da saúde, incluindo obesidade, diabetes tipo 2, câncer e desregulação dos sistemas imune, hormonal e neurológico, sendo, na maioria das vezes, também perceptível na saúde da pele.

Mas calma! Um estilo de vida saudável, com alimentação equilibrada, prática de exercícios físicos, controle do estresse, cuidados com o sono e melhores escolhas na rotina diária, podem ajudar o corpo a lidar com toda essa exposição.

De onde vem as toxinas e a exposição aos produtos químicos?

Compostos sintéticos potencialmente tóxicos se tornaram comuns na composição de produtos de limpeza, higiene pessoal e cosméticos. Muitos desses ingredientes já foram estudados e testados em laboratórios, demonstrando que são seguros quando usados de forma isolada. No entanto, no dia a dia, o organismo entra em contato com inúmeras substâncias que, mesmo presentes em pequenas quantidades nos produtos, nunca foram testadas de forma conjunta.

Basta um exercício simples para entender de onde vem toda essa exposição e a acumulação de toxinas. Em uma rotina comum, por exemplo, uma pessoa provavelmente usa: 1 xampu, 1 sabonete, 1 creme hidratante, 1 desodorante, 1 perfume, 1 creme dental, 1 protetor solar, entre outros produtos de higiene e limpeza. Pode-se dizer que são aproximadamente 10 produtos apenas para iniciar o dia.

Por isso, é importante ter consciência em relação às nossas escolhas, com o intuito de reduzir essa exposição. Pequenas mudanças na rotina, como substituir um hidratante comum por um produto livre de fragrâncias, parabenos e outras substâncias nocivas, e adotar uma alimentação mais saudável, podem fazer uma grande diferença, pois contribuem para diminuir a carga tóxica e ajudar o corpo no processo de detoxificação.

Toxinas em cosméticos, maquiagens e produtos de higiene pessoal

Os produtos que você costuma utilizar na pele, no cabelo e nas unhas podem conter diversos ingredientes potencialmente nocivos à saúde. Eles são encontrados nas formulações entre aditivos, fragrâncias, conservantes, estabilizantes e corantes usados para potencializar alguns efeitos estéticos, propriedades e prazos de validade dos produtos.

Ainda, alguns resíduos ativos dos produtos cosméticos são introduzidos de forma contínua no meio ambiente, pois as estações de tratamento de águas residuais nem sempre conseguem filtrá-los. Assim, além de representar um risco para a saúde humana, essa acumulação pode comprometer todos os ecossistemas.

A seguir, serão listados alguns ingredientes comumente usados pela indústria cosmética e seus potenciais efeitos quando acumulados no organismo. Vale destacar, no entanto, que já existem produtos livres dessas substâncias, tornando-se uma boa alternativa para quem deseja fazer escolhas mais conscientes e contribuir para o processo natural de detoxificação do corpo.

Alumínio

Encontrado em desodorantes e antitranspirantes, os sais de alumínio são utilizados para controlar a eliminação de suor, o que acaba impedindo a liberação de toxinas pelo organismo. Alguns esmaltes, sombras, blushes e batons também usam esse ingrediente como uma espécie de corante.

Por constar em produtos de uso diário e que são utilizados durante anos, a acumulação do alumínio pode apresentar potencial carcinogênico (risco de câncer de mama e presença da substância no tecido mamário de mulheres) e tóxico ou alergênico em relação aos sistemas imunológico e respiratório. Também pode provocar dermatite de contato.

Parabenos

Os parabenos são conservantes sintéticos usados para preservar os produtos, devido às suas propriedades fungicidas e bactericidas. Disponíveis, eficazes e de baixo custo, essas substâncias são amplamente utilizadas na indústria cosmética e farmacêutica, no setor alimentício e também em produtos de limpeza e higiene pessoal.

São facilmente encontrados em perfumes, cremes, hidratantes, séruns, protetores solares, entre outros. Mesmo com uma resolução que estabelece as concentrações máximas permitidas para uso em produtos cosméticos, os parabenos podem trazer reações indesejadas para a pele (como alergias e dermatites de contato), contribuir para a desregulação do sistema hormonal e o desenvolvimento de câncer, além de trazer consequências ambientais.

Ftalatos

Os ftalatos são utilizados em formulações cosméticas para facilitar a sua aplicação, dar brilho, fixar fragrâncias e adicionar cremosidade. Totalmente proibidos na Europa e parcialmente no Brasil, o nome “ftalato” raramente aparece no rótulo dos produtos, sendo mais comum encontrar o composto pelos seus nomes específicos:

  • Dibutilftalato (DBP): usado em produtos cosméticos e como plastificante em produtos como esmaltes de unhas (tornando-os menos quebradiços);
  • Dimetilftalato (DMP): usado em desodorantes e repelentes de insetos;
  • Dietilftalato (DEP): usado como solvente e fixador em fragrâncias, também encontrado em xampus, sprays de cabelo e géis.

No organismo, podem interferir no sistema hormonal, afetar a fertilidade masculina e levar a puberdade precoce em meninas. Também pode apresentar potencial carcinogênico.

Fragrâncias

Quem não gosta de sentir cheirinhos agradáveis ao abrir a embalagem de um produto? O que poucas pessoas sabem é que as informações quanto à segurança desses compostos químicos são limitadas. Os fabricantes não precisam detalhar os ingredientes que usam em suas formulações, pois os componentes das fragrâncias podem ser considerados segredo comercial.

Estima-se que existam cerca de 3.000 químicos de fragrâncias, sendo que um perfume pode conter de 10 a 300 deles. Um estudo de 2003 observou que 60% do uso de fragrâncias está em sabonetes, amaciantes de roupas, produtos de limpeza e detergentes; e 40% em cosméticos, produtos de higiene e perfumaria.

Entre os impactos na saúde associados à exposição a esses compostos estão patologias na pele, sistêmicas e neurológicas, além de problemas no sistema respiratório. Outra preocupação é a questão ambiental, devido à persistência de tais compostos em se acumular no meio ambiente e na vida selvagem, uma vez que os sistemas das estações de tratamento de águas residuais públicas não são eficazes para filtrá-los.

PEG’s (polietilenoglicois)

São utilizados como espessantes, emulsificantes, solventes, surfactantes e umectantes. Os polietilenoglicois são encontrados em produtos capilares, cremes, hidratantes, séruns, sabonetes, maquiagens e fragrâncias.

Durante seu processo de fabricação, podem ser contaminados com impurezas como óxido de etileno (extremamente tóxico) e 1,4-dioxano, que apresentam potencial carcinogênico. Além disso, exposições mais altas em curto período de tempo podem danificar células do fígado, do rim e do sistema respiratório.

Cloreto de benzalcônio

Também conhecido como composto de amônio quaternário, o cloreto de benzalcônio (BAC) é um dos conservantes mais utilizados em produtos cosméticos, utensílios domésticos, produtos de higiene pessoal e de limpeza, também usado como desinfetante de superfície. Ainda, é o ingrediente mais usado como conservante em soluções oftalmológicas.

Especificamente em relação aos cosméticos, um estudo mostrou que produtos com concentração elevada de BAC têm alta potência para induzir neurotoxicidade severa em animais. A indução de danos ao DNA mediada por BAC foi relatada inclusive em organismos marinhos Ceriodaphnia dubia e Daphnia magna, que são organismos amplamente usados ​​para estudar a genotoxicidade.

Metais pesados

Os metais pesados são elementos metálicos tóxicos, mesmo em baixas concentrações. Geralmente, os cosméticos não são considerados quando se pensa neles, mas elementos como chumbo, níquel, cádmio e mercúrio podem ser encontrados.

Entre os produtos que podem conter metais pesados estão batons, pós faciais e xampus, o que pode causar danos à pele e aos folículos capilares, além de se acumularem no corpo, contribuindo para o aumento da carga tóxica.

Microplásticos

Eles estão em praticamente todos os lugares. Os microplásticos (MP’s) são partículas muito pequenas (com menos de 5mm de tamanho) produzidas para uso comercial. Esses compostos são usados para colorir produtos plásticos, tintas e revestimentos, o que explica a sua presença na poeira de ambientes abertos e fechados. Na indústria cosmética podem ser encontrados em spray de cabelo e esfoliantes faciais e corporais.

Devido ao seu tamanho, além do contato com a pele, a exposição aos microplásticos também se dá pela ingestão e inalação. Essas partículas podem ser tóxicas ao organismo humano por serem carreadoras de substâncias que apresentam atividade desreguladora hormonal (como bisfenol-A e ftalatos, além de outros contaminantes).

Altamente poluentes, outro problema dos MP’s é a sua presença no ambiente aquático. Devido ao tamanho reduzido, eles podem ser facilmente ingeridos por animais, causando a obstrução do trato digestivo, o que limita a entrada de alimentos e leva à desnutrição. Além disso, pode causar estresse e alterações hormonais que comprometem a sua taxa de reprodução e crescimento.

BHT

O butil-hidroxi-tolueno (BHT) é um conservante e antioxidante usado em formulações cosméticas e de cuidados com a pele para estabilizar a formulação e prevenir a oxidação  (o que ajuda a aumentar a vida útil do produto). Também evita alterações na coloração e a rancificação (cheiro de ranço).

A substância pode ser encontrada em maquiagens, produtos para cabelo, protetores solares, desodorantes, antitranspirantes, perfumes, cremes e hidratantes. Pode interferir no sistema hormonal e causar irritação na pele, nos olhos e nos pulmões.

Liberadores de formaldeídos

O formaldeído pode ser adicionado diretamente ou, mais frequentemente, pode ser liberado de conservantes em pequenas quantidades ao longo do tempo.

Mesmo em baixos níveis, esses componentes podem causar problemas de saúde, pois são incorporados em diversos produtos, o que torna difícil estimar o quanto as pessoas estão expostas a eles. Podem causar dermatites alérgicas crônicas, alergias de contato e sensibilização da pele, além de apresentar potencial carcinogênico quando inalado.

Os liberadores de formaldeídos são encontrados em produtos para alisar o cabelo, esmaltes, colas de unhas e cílios, xampu para bebês, sabonetes, cosméticos, entre outros itens de cuidados pessoais.

Toxinas em produtos de limpeza, alimentação e meio ambiente

Boa parte dos produtos de limpeza também possui ingredientes tóxicos. Eles estão distribuídos em diversas formulações e com nomenclaturas desconhecidas pela maioria das pessoas. De modo geral, essas substâncias são responsáveis pelos efeitos do produto como clarear, desengordurar, limpar e perfumar.

Em relação à alimentação, boa parte dos produtos consumidos contém agrotóxicos ou substâncias para realçar o sabor, melhorar a aparência e conservar por mais tempo, ingredientes quase sempre presentes nos alimentos industrializados. Além disso, os recipientes utilizados para o preparo também podem expor a comida a substâncias nocivas.

Outra fonte de toxinas é o próprio ambiente. Existem diversos agentes tóxicos disfarçados na poeira, na fumaça dos carros, do cigarro e das indústrias, nos aromatizadores de ambientes sintéticos, na tinta usada para pintar a casa e nos móveis. A água dos mares e dos rios também pode carregar uma série de elementos químicos prejudiciais à saúde quando ingerida ou em contato com a pele.

No entanto, vale lembrar que já existem muitas opções de produtos livres de substâncias nocivas e, ainda, que o corpo consegue lidar com toda essa exposição de forma natural. É preciso apenas ajudá-lo, reduzindo o contato com ingredientes potencialmente nocivos sempre que possível, aumentando o consumo de nutrientes por meio de uma alimentação saudável e realizando atividades físicas.

Como reduzir a carga tóxica no organismo?

É preciso considerar que é impossível viver totalmente livre da exposição a substâncias tóxicas. No entanto, vale destacar o quanto o corpo humano é extraordinário e entender o porquê pequenas mudanças podem fazer uma grande diferença para o funcionamento e equilíbrio do organismo.

Tudo começa pelo fígado, principal órgão no processo de detoxificação do corpo, e acontece em três fases. Na primeira etapa, enzimas específicas oxidam e reagem com as toxinas. Na segunda, ocorre a conjunção de substâncias para torná-las solúveis e possíveis de serem excretadas pelo corpo. Na terceira e última fase, as toxinas solúveis são excretadas pelas fezes e urina.

Para que todas essas etapas ocorram de forma completa, o corpo precisa de uma grande quantidade de nutrientes, além de antioxidantes para compensar todo o estresse oxidativo gerado nesse processo. Assim, quanto maior a necessidade de detoxificação, maior também a demanda por nutrientes para realizar esse processo de forma satisfatória.

Ao entender como o corpo funciona, fica mais fácil compreender a importância de reduzir a exposição a substâncias nocivas, bem como adotar hábitos saudáveis para contribuir com todo esse processo. Nesse sentido, confira abaixo algumas práticas simples e que podem ser implementadas no seu dia a dia para proteger a sua saúde e a da sua família.

Alimentos e água

  • Higienize bem as frutas e legumes antes de consumir;
  • Não utilize recipientes de plástico no micro-ondas ou para armazenar alimentos e líquidos quentes;
  • Procure usar sempre recipientes de vidro, porcelana ou aço inoxidável;
  • Sempre que possível, prepare as refeições em casa, com ingredientes frescos e produtos orgânicos;

Em casa

  • Evite o acúmulo de poeira;
  • Aspire o chão e use um pano úmido para tirar o pó;
  • Não utilize dentro de casa o calçado que usou na rua. 
  • Higienize o filtro do ar condicionado 
  • Instale um filtro de água.

Com as crianças

  • Evite brinquedos de plástico de segunda mão;
  • Opte por brinquedos “sem BPA”.

Atividade física

  • Escolha parques, estradas ou rotas menos movimentadas para a prática de atividades físicas ao ar livre;
  • Evite praticar exercícios em lugares com altos índices de poluição, como áreas de tráfego intenso.

Nos cuidados pessoais

  • Lave as mãos com frequência, especialmente antes de preparar e comer alimentos.
  • Escolha produtos rotulados como “sem ftalatos”, “sem BPA” e “sem parabenos”;
  • Evite ou diminua o uso de fragrâncias artificiais. Sempre que possível, opte por cosméticos rotulados como “sem fragrância sintética” ou “perfumado apenas com óleos essenciais”;
  • Busque por maquiagens e cosméticos livres de ingredientes tóxicos e marcas preocupadas com a qualidade das suas matérias-primas e com o meio ambiente.

Os produtos de cuidados pessoais, como os cosméticos, costumam apresentar muitos ingredientes, sendo a maioria com nomes desconhecidos pelas pessoas. O lado bom é que já existem entidades como o EWG, que reúnem diversas iniciativas para ajudar consumidores do mundo todo a fazer escolhas mais conscientes.

Para saber mais sobre esse importante grupo de trabalho, entender como atua e conhecer as ferramentas disponíveis para obter mais informações sobre produtos e ingredientes, continue a leitura no nosso artigo sobre o EWG.

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